Em 2020/21 os leões tinham 4 pontos de vantagem.
O Sporting terminou a 12.ª jornada no topo da tabela classificativa com 31 pontos, fruto da vitória frente ao Gil Vicente (3-1), e beneficiando de nova escorregadela do Benfica que não foi além de um nulo na deslocação a Moreira de Cónegos. Ultrapassado assim o primeiro terço do campeonato, os leões lideram com mais 2 pontos de vantagem em relação às águias, um dado que Rúben Amorim fez questão de desvalorizar logo no final do encontro com o clube minhoto. “É um campeonato muito difícil. Os pontos refletem as melhores equipas, voltámos ao primeiro lugar, mas parece-me que o campeonato vai ter muita história”, alertou o técnico colocando assim água na fervura e procurando controlar os níveis de euforia em Alvalade.
A cautela do técnico acaba por ser confirmada pelos números pois, nos 19 títulos de campeão conquistados pelo Sporting, só em 10 ocasiões este liderança provisória se transformou em título no final da temporada. Curiosamente, em 2020/21 já com Rúben Amorim no banco, os leões chegaram a esta fase da competição igualmente na mesma posição, mas então a vantagem era de 4 pontos, o dobro da atual.
O primeiro… com 8 equipas
O Sporting conquistou o seu primeiro título de campeão nacional em 1940/41, numa embrionária fase da competição onde só 8 equipas disputavam o triunfo ao final de 14 jornadas. Então treinado pelo mítico Joseph Szabo, os leões chegaram ao 1/3 da competição com uma desvantagem de 1 ponto em relação ao Benfica, mas acabaram por chegar ao final com mais três pontos que o FC Porto na última jornada. Recorde-se que nestas primeiras épocas as vitórias ainda só eram premiadas com dois pontos.
Seguiu-se então a era de ouro com os Cinco Violinos que estiveram na base do tetra em Alvalade. De 1943 a 58, o Sporting foi campeão em mais 9 ocasiões, e só em 5 mostrou a sua superioridade na fase inicial numa fase em que o campeonato já era disputado por 14 equipas em 26 jornadas. Em 1946/47, 1948/49, 1950/51, 1952/53, e 1957/58 os leões começaram a rugir mais alto logo na fase inicial. Contudo, o título mais saboroso foi mesmo conquistado em 1953/54 pois não só assegurou o então inédito tetra, como também mostrou uma fantástica capacidade de reação pois, na 9.ª ronda, o Sporting era quarto atrás de Belenenses, Benfica, FC Porto e V. Guimarães, registando então menos 3 pontos que os azuis do Restelo.
De 1961/62 a 1982 chegaram mais sete troféus a Alvalade e, neste período, os leões ficaram famosos pelas suas entradas pois só em 1973/74 e 1979/80 foram obrigados a correr atrás do prejuízo: primeiro com menos 2 pontos que o V. Setúbal; na segunda ocasião atrás de FC Porto e Benfica.
Primeiro jejum acabou já com os três pontos
De 1982 a 2000, o clube leonino atravessou um longo jejum que coincidiu com a alteração da pontuação de 3 pontos por vitória na década de 90 e, na maioria dos anos, com 18 equipas no escalão principal. Em 1999/00, com Augusto Inácio no banco após um arranque em falso com o italiano Giuseppe Materazzi, o Sporting chegou ao final da 12.ª jornada em terceiro lugar, com menos 2 pontos que o líder, Benfica. Alimentado pelos golos de Acosta, o leão voltou então a rugir no início do século XXI, uma situação repetida em 2001/02 onde os verde e brancos também tiveram de reverter uma desvantagem de dois pontos em relação ao FC Porto, e quando estavam em quarto lugar ainda atrás de Boavista e Benfica.
Seguiu-se então mais um longo período de 19 anos sem títulos que só terminou com a chegada de Rúben Amorim. Em 2020/21, de forma surpreendente, o Sporting já liderava no final da 12.ª ronda com 4 pontos de vantagem em relação ao FC Porto, uma vantagem que subiu para 5 no final da prova. Passados dois anos, o clube de Alvalade volta ao topo da tabela classificativa no final dos 12 primeiros jogos, e cabe agora Rúben Amorim mostrar que tem equipa e pulso repetir um feito já alcançado.