A proximidade dos 50 anos da Revolução de Abril levou João Malheiro, conhecido adepto dos encarnados, a escrever o livro ‘Cartilha da Benficofobia’ no sentido de desmistificar a ideia de que o clube da Luz seria protegido pelo Estado Novo. O prefácio da obra ficou a cargo de Rui Costa, com o presidente das águias a ser direto. “Tentar associar a grandeza e o sucesso do Benfica ao Estado Novo é errado, injusto e falso. O Benfica já era enorme e ganhador antes da ditadura e continua a sê-lo após a mesma”, escreveu o líder dos encarnados, o qual apontou alguns factos que desmontam essa espécie de mito.
“Ao longo dos 48 anos de suspensão da liberdade, o Benfica manteve-se em crescimento permanente e cimentou a sua posição de liderança no desporto nacional.
Fê-lo apesar de nunca se ter prestado à propaganda do Estado Novo, de recusar ceder a costumes entretanto implantados ou de se deixar instrumentalizar pelo poder político de então. É particularmente interessante observar que, mesmo em ditadura no país, o Sport Lisboa e Benfica persistiu ininterruptamente na realização de eleições livres e democráticas”, salienta Rui Costa no prefácio, acrescentando: “É ainda reconfortante verificar os muitos opositores à ditadura que não só eram e são benfiquistas como, em muitos casos, até assumiram ao longo desses 48 anos papéis de relevo nos destinos do Sport Lisboa e Benfica.
E é particularmente significativo que, passados poucos dias da Revolução do 25 de Abril, a Direção do Benfica, liderada por Duarte Borges Coutinho, logo tenha colocado o Clube e as suas instalações à disposição da Junta de Salvação Nacional para o que bem entendesse em prol do país e do povo português.”
A apresentação do livro decorreu nesta terça-feira ao final da tarde, no Museu Cosme Damião, incluída numa tertúlia sobre o papel do Benfica no 25 de abril, contando com a presença de antigas glórias do Benfica, como Toni, José Augusto e Shéu, além do vice-presidente Almeida Lima e de Alcino António, responsável pela Benfica Legends.
Os músicos Fernando Tordo e Paulo Carvalho, com fortes ligações ao 25 de Abril graças às músicas ‘Tourada’ e ‘Depois do Adeus’ (que funcionou, inclusive, como a senha da Revolução), também estiveram presentes.